O livro é para adultos, não recomendamos a leitura de adolescentes ou
crianças por conter narrativa inadequada.
O observador
Capitulo Um
Ele era
pouco estranho, usava óculos quadrado, fora de moda (miopia) e tinha um jeito
meio estranho de se vestir... Com sapatos bico quadrado calça social escura e
camisa branca, pra qualquer um seria uma roupa básica, mas pra ele não era nem
um pouco bonito ou apresentável já que seu corpo era muito magro e muito alto.
Nunca fora um cara popular, na faculdade tinha um amigo e apenas tinha transado
com prostitutas, pois não era atraente e não via necessidade de fazer de
inteligente ou de fortão como os outros gorilas da sociedade, não precisava ser
o macho dominante. Depois que concluiu a faculdade foi fácil arrumar emprego,
suas notas eram excelentes e antes de terminar o último ano já tinha sido
indicado para uma grande empresa de contabilidade onde começou como estagiário
até pegar o diploma. Tinha uma memória muito boa, alguns diziam que ele tinha
memória fotográfica (memória eidética) o que o ajudava na hora dos cálculos
sendo assim nunca errando nem na faculdade nem depois de se formar no trabalho.
Depois de formado ele começou a ganhar muito dinheiro fazendo contabilidade de
empresas grande. Foi assim por sete anos até montar seu próprio escritório de
contabilidade. E contratar alguns funcionários pra trabalhar pra ele... Logo
estava nadando em dinheiro... Era o melhor escritório de contabilidade, ele se
lembrava de cada numero todos os CNPJ de cada empresa... Quando ele completou
33 anos sem saber se faria uma festa, não teria amigos pra convidar e não
convidaria os funcionários, pois não queria misturar a relação profissional com
a relação pessoal, decidiu sozinho ir pra uma boate ver algumas stripers e
beber um bom uísque. Já passava da meia três da manha quando ele abre a
porta dos fundos do bar e se dirigiu para o seu carro que estava no estacionamento
dos fundos, não avia ninguém no estacionamento, era como um grande deserto
virgem, intocado, não fosse por três carros vazios que estavam estacionados ali
como prova que alguém já tinha explorado aquele lugar ele pensaria ser o
primeiro. Ele chega à porta do seu carro, Poe a mão no bolso pra pegar a chave
do carro quando se lembrasse de ter deixado em cima do balcão no momento em que
tirou a carteira para efetuar o pagamento. A cambalear virou-se para voltar
quando...
- Ola
filho.
Um homem
de calça Jean, camiseta branca e descalço surgem bem próximo ao seu rosto com
um olhar fixo e seus olhos. Sua barba era por fazer e apesar de não ser tão
alto a primeira vista parecia um mendigo, com um pulo pra traz proveniente do
reflexo do susto ele tromba em seu carro e cai de joelhos nas pedras sentindo
muita dor nas costas, joelho e mãos que apoiou nas pedrinhas soltas no chão.
Sem se levantar olha para o homem esfrega os olhos como se não acreditasse no
que via e olhou com mais clareza, não era um mendigo, aparentava ser um senhor
entre 40 ou 45 anos aparentemente atraente.
- Você não
é o primeiro a se ajoelhar pra mim hoje – Disse o velho com certa seriedade que
para o homem de joelhos soou mais como uma provocação.
- O que
esta fazendo velh... Homem? – disse ao olhar para o senhor a sua frente ainda
sem conseguir ver seu rosto direito. Apesar de toda a iluminação era como se
uma sombra sempre tapasse os olhos ou a boca ou o nariz de forma que mesmo
apertando o olho ele não poderia reconhecer de ou em outro momento. Começou a
Levantar.
- Você ia
dizer velho? Pode dizer. Se soubesse a idade que tenho nem de velho me
chamaria, talvez tivesse educação e me chamasse de “senhor” já que é como
deveria me chamar.
- Muito
bem “senhor”, - Falou com desdém - De onde veio tão rápido que não vi chegar?
- Vim do
céu - Diz o homem Novamente serio que novamente soa como uma provocação aos
ouvidos de um bêbado.
- Então o
“senhor” veio do “céu”! –balança os dedos ressaltando as aspas nas palavras
senhor e céu- que original velho, me conta outra.
- E vim
para levá-lo comigo.
-
aaaaaaaaaaah então é um seqüestro? Bom nisso você realmente foi original, eu
serei o primeiro homem a ser seqüestrado por “deus”? Ah não, não mesmo
provavelmente isso acontece todo dia. O que deus faz depois de seqüestrar? Pede
resgate ao diabo?
- Você
também não é o primeiro a zombar de mim hoje – diz o velho – Vocês humanos na
são nada originais. Apesar de únicos são todos iguais. Pois lhe dou um ultimo
aviso, vim aqui para levá-lo comigo, não vou sem você, caso não aceite
quebrarei pela primeira vez a regra do livre arbítrio e você vai se arrepender
de todas as palavras que disse até agora em minha presença – a sombra parecia
diminuir de seu rosto e sua expressão era aterradora, mas o bêbado tentou
balbuciar,
- Então
vem velh...
Ele viu o
velho colado em seu corpo com as mãos encostadas em seu peito, logo percebeu que
não estava mais em um estacionamento, estavam no ar alguns quilômetros abaixo
estava um campo gramado, onde ele foi arremessado como em um empurrão com muita
força, se chocou como um meteoro chocasse com o solo, seu corpo se espedaça. Logo
se viu inteiro caindo dentro de um vulcão em erupção morrendo queimado. No
fundo do mar morrendo afogado. No meio de uma tempestade de areia onde seu
corpo era cortado por cada grão de areia até seu corpo se desintegrar por
completo. Em um tufão de vento que invadiu sua boca fazendo seu corpo explodir
como um balão. Enterrado apenas com o rosto pra fora da terra onde um batalhão
marcha sobre seu rosto. No meio de um enxame de abelhas sendo picado
eternamente, mas sua consciência estava intacta sentindo todas as dores das
circunstancias.
Caiu de
joelhos, estava novamente de frente para o senhor de camiseta branca, seu corpo
doía a ponto dele precisar deitar no chão.
- o que
fez comigo? – Disse.
- você
passou pelos sete mil infernos, mas eu permiti que você lembrasse apenas sete,
pois você perderia a sanidade caso lembra-se dos outros.
No chão o
homem percebe a aproximação do senhor, sente que ele é tocado na nuca à dor
desaparece instantaneamente, ele é apoiado em uma parede, não sabe aonde esta,
o senhor o segura pelo pescoço apenas com uma mão, você vai me ouvir? - O
senhor disse com o rosto bem próximo do resto do homem que olhou em seus olhos
e viu fogo, escuridão, o universo e amor.
- Sim eu
ouvirei. - Seu corpo tremia era assustador o que sentia, medo, vontade de
chorar, frio, calor, vida.
- Eu estou
cansado, muito cansado, faz alguns anos que não durmo, vou descansar, mas não
posso deixar de o homem sozinho, o homem precisa ser observado, você, será meus
olhos, você vai me passara todas as informações, quando eu acordar você me Dara
um relatório de tudo que viu.
- E caso
eu não queira? – disse o homem.
- eu estou
cansado da humanidade, to cansado de sua estupidez, se você não aceitar eu irei
acabar com todos vocês, vocês deixarão de existir com um estalar do meu dedo.
Lembre-se que vocês humanos, é a única raça do universo que me dão trabalho, a
única raça que me abandonou, talvez já seja hora de acabar com a humanidade ai
poderei descansar em paz.
- Eu
aceito – disse o homem – eu aceito.
- E sabia
que você aceitaria... Você tem apenas uma regra, você não pode interferir, o
curso da humanidade deve seguir normalmente, você terá meus poderes, pra poder
acompanhar executar seus serviços, mas eu lhe aviso, não interfira, apenas
observe.
- Esta
bem, esta bem.
- Eu vou
descansar agora, bom dia observador.
O homem
desapareceu de sua frente ele estava sentado, como num passe de mágica em um
trono de cristal com o mundo abaixou de seus pés.
Capitulo Dois
Depois de
observar o universo por um longo tempo, de apreciar cada estrela abaixo de seus
pés resolveu cumprir sua tarefa, resolveu descer a terra e observar, afinal ele
estava ali para isso.
Logo que
pensou em descer a terra já estava parado em um beco, logo entendeu o que ele
quisesse fazer, bastava pensar.
Saiu
caminhando, imaginou um sobretudo sobre seus ombros e logo estava de sobretudo
branco, a sua frente havia um travesti, sobre a sombra do prédio como se
tentasse ocultar seu corpo, mas o travesti não o viu, ele não queria que o
travesti visse, a menos de meia quadra outro travesti estava parado, mas o
observador não se interessava por ele, apenas observaria o 1° e ali ficou por
menos de 5 minutos, quando um carro grande, encostou ao seu lado, era uma
Mercedes, o observador conhecia aquele carro, já sonhara em ter uma, mas agora
não importava o carro mas sim o que estava se passando entre o dono do carro e
o travesti. Ele via, mas não queria ouvir o dialogo então ele não ouvia,
entendia pelo sorriso do travesti e as tentativas de fazer expressões sexuais,
que o travesti tentava lucrar e o homem de charuto e chapéu preto dentro do
carro não tinha interesse em barganhar. Já com o travesti dentro do carro ele
da uma ultima olhada pra rua escura com apenas um travesti agora, Ele vai até
onde o carro estava estacionado. Ele não se importava se com a idéia de que o
carro tinha acabado de sair dali, o tempo agora era dominável, e ele foi direto
ao ponto onde o motorista abre a porta ao travesti e o homem de charuto.
Eles
estavam na porta de uma mansão, um lugar afastado, mas com um belo jardim, o
homem abraçado ao travesti entra em casa enquanto o motorista entra no carro e
sai dirigindo, o homem de charutos tranca a porta, mas ele atravessa mesmo
assim como se não houvesse porta, o homem sobe com o travesti para um dos
quartos, já no quarto ele pede para q o travesti deite-se na cama, e assim o
faz, depois de um tempo o homem algema o travesti na cabeceira da cama.
- Uau
cachorrão, vai-me amarra hoje é? – Diz o travesti sem ouvir resposta.
Homes se aproxima do travesti, com uma das mãos abre sua boca em um gesto
gentil, abaixando-se como se fosse beijá-lo, o travesti põe a língua pra fora o
homem segura a língua e com a outra mão passa uma navalha arrancando-a da boca
do travesti.
Um grito
desesperado e silencioso sai da boca da criatura deitada sobra à cama, era um
gemido, seus olhos enchem de lagrimas e com as pernas e o corpo começa a se
debater, o homem afasta da cama senta-se na cadeira e assiste, aprecia, esboça
um leve sorriso no canto da boca.
Já sem
forças o travesti para de debater-se, deixa o corpo apoiado na cama, e ainda
com lagrimas nos olhos tenta imaginar uma forma de escapar dali, mas não da
tempo ele esta olhando direto para a luz no teto quando essa luz é encoberta
por um corpo, ele tira o foco da luz e olha para o rosto do homem de chapéu que
avia tapado a luz e tenta novamente gritar, pânico, medo,tenta chutar o homem,
não tem força, dessa vez o homem segura dois barbantes, parecem cadarços de
sapatos, então ele amarra um cadarço em cada pé e amarra a ponta nos pés da
cama, o travesti sente-se completamente imóvel, e sente que o homem esta
cortando sua roupa, provavelmente com uma tesoura, ele grita, um urro misturado
com choro espalha pela casa.
O homem de
chapéu senta-se ao lado do travesti na cama e começa a por uma luva cirúrgica,
encosta sobre o peito da criatura inerte um bisturi e abre uma fissura do peito
até a cintura, enquanto olha nos olhos daquele que sofre sem poder mexer-se ou
gritar.
O
homem ainda com o bisturi cortou novamente seus seios fazendo as bolsas de
silicone vazar, completando o corte em uma cruz perfeita e simétrica.
Passou
varias vezes o bisturi sobre o rosto da vitima, tirou as luvas e saiu do
quarto, agora apenas se encontrava no quarto a criatura sem rosto, com uma cruz
no peito e o observador, que se aproximou da cama, teve compaixão e sem
interferir no livre arbítrio foi embora. Sentado novamente no trono e olhando o
universo sob seus pés se questionava.
- Eu
deveria ter impedido? Eu deveria ter parado o homem de chapéu? Eu deveria
interferir no livre arbítrio?
A resposta
que vinha em sua mente era apenas uma.
-
Você tem apenas uma regra, você não pode interferir. O curso da humanidade deve
seguir normalmente, você terá meus poderes, pra poder acompanhar e executar
seus serviços, mas eu lhe aviso, não interfira, apenas observe...
Capitulo três
Apenas
observe, apenas observe... Isso não saia da sua cabeça, já fazia dias que
estava cumprindo as ordens de Deus, essa frase parecia um martelo em sua
cabeça, um martelo de um carpinteiro que nunca se cansa de trabalhar.
Era um
mundo cruel, ele não tinha dúvidas, desde antes de ser o observador. Mas agora
ele via de outro ponto de vista, ele via com olhos de Deus.
Ele desceu
a terra, entrou em uma igreja, era grande, se encontravam ali exatamente 57
seres, 32 eram mulheres, cinco eram crianças, 20 homens e um desses homens era
o padre que dava o sermão. Ele dizia:
- O
evangelho de marcos 1,12-15 diz, logo depois, o espírito o Fez sair para o
deserto. Lá durante quarenta dias, foi posto à prova por satanás. E ele
convivia com as feras, e os anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus
veio para a Galiléia, proclamando a boa nova de Deus.
O
observador ri baixinho enquanto o padre continua a falar...
-Completou-se
o tempo, e o reino de deus esta próximo. Convertei-vos e crede na boa nova.
- É
verdade, meu reino está próximo - diz o observador pra si mesmo.
Em um
piscar de olhos já esta em outra igreja.
Um pastor
diz:
- SATANÁS.
A sagrada escritura fala dele muitas vezes como um ser espiritual e concreto. É
um anjo caído. Jesus o define dizendo: É MENTIROSO, E PAI DA MENTIRA, vosso
adversário o demônio anda ao redor de vós como um leão que ruge, buscando a
quem devorar. Resista forte na fé. O demônio é o inimigo numero um , é tentador
por excelência, sabemos que esse ser obscuro e perturbador existe realmente e
continua atuando. Ai eu pergunto meus fieis, como? MENTINDO, ENGANANDO, ONDE HÁ
MENTIRA OU ENGANO, ALI HÁ AÇÃO DIABOLICA.
“Então
aqui há uma ação diabólica”, pensa o observador no mesmo tempo que varias
senhorinhas dizem amém, amém.
-A maior
vitoria do demônio é fazer crer que ele não existe. E como mente? Apresenta-nos
ações perversas como se fossem boas, estimula-nos a fazer más obras; e, em terceiro
lugar, sugere-nos razões para justificar os pecados.
O
observador já estava cansado das mentiras daquele homem, saiu, em um piscar de
olhos estava em uma rua, era tarde da noite, dois garotos caminhavam pela rua,
voltavam de uma festa. Ele olhou para o outro lado e avistou um grupo de vinte
três garotos de cabeça raspada, jaquetas de couro e símbolos nazista. Os
garotos baixaram a cabeça ao passar pelo grupo, mas não seria tão fácil quanto
eles imaginaram, cinco dos carecas os cercaram.
- Você nos
deve uma grana. Disse um dos Carecas para um dos garotos.
- Não sei
do que estão falando. Respondeu o garoto gaguejando.
Os carecas
começam a socar o garoto com força até ele cair e depois que Ele cai começam a
chutar. Um dos carecas para de chutar e olha o segundo garoto que esta fugindo,
olha pra um do seu grupo que não agredia ninguém, esse faz um leve sinal
balançando a cabeça e o outro já sabe o que fazer. Tira do bolso uma faca e
abaixando-se crava varias vezes a faca no corpo do garoto, que fica se contorcendo
no chão. Ainda sangrando e sem ser chutado o garoto levanta e corre, mas não
muito, sem forças cai na calçada.
- Acabe
com o serviço. - Diz o careca que havia dado sinal com a cabeça.
O careca
com a faca se encaminha para o garoto, pega em seu cabelo, levanta sua cabeça e
passa a faca em seu pescoço cortando sua jugular. O observador aproxima-se do
garoto que sangra no chão, o olho do garoto meche e ele olha bem no fundo dos
olhos do observador, fecha os olhos e para de respirar. O assassino volta para
perto daquele que tinha dado a ordem para ganhar um abraço, e a frase ecoa em
seus ouvidos.
- Bom
trabalho agora você é um dos nossos.
Ao ouvir
essa frase o observador saiu dali... No terminal de ônibus um homem esperava. O
observador fitava-o com certo interesse, pois aparentemente aquele homem não
faria mal a ninguém, e não faria mesmo, pois não tinha muito tempo de vida.
Logo outro
homem chegou por traz e lhe pediu dinheiro, como ele não quis dar o outro puxou
um revolver e deu três tiros. O observador ao lado olhava para a vítima, que
olhou para o observador antes de parar de respirar. Antes de ir embora o
assaltante fez o sinal da cruz com a arma na mão.
Não
esperou, logo estava em frente a um colégio, vários alunos saiam. Um homem de
vinte anos com os cadernos no braço encostou-se ao muro e ficou fumando, logo a
rua estava deserta e um carro se aproximou do portão. Outro homem conduzia o
carro.
- Oi amor.
Disse o fumante ao entrar no carro e deu um beijo demorado no motorista.
Uma moto
passava, e os dois tripulantes olharam a cena dentro do carro... Foram até a
esquina e voltaram.
- Ei
viado. Disse o passageiro e atirou... Exatamente 12 tiros, a arma recuou sem
munição e o carro estava com os vidros estilhaçados, não dava pra ver se os
homens dentro do carro estavam vivos ou mortos.
- Vai,
vai. Disse o atirador. O piloto acelerou e a moto desapareceu no escuro
horizonte.
O
observador foi pra perto do carro e os homens o viram. O motorista mexeu a
boca, mas não saiu som. Ele dizia ao observador:
- Ajuda. E
um de cada vez parou de respirar.
O
observador voltou para seu trono intocável, e sentado com a galáxia sob seus
pés tinha duas frases na cabeça...
- Meu
reino está próximo!
- Eu
deveria ter interferido?
Capitulo quatro
Era uma
manhã de julho, o frio não era intenso, mas o vento incomodava e ressecava o
rosto de qualquer humano. O observador começou a caminhar pelo centro da
cidade, em outros tempos ele sentaria em uma lanchonete, tomaria leite com
café, e comeria uma coxinha de franco com catupiry, mas dessa vez não
aconteceria assim, dessa vez ele queria fazer algo diferente.
Dirigiu-se
para a lanchonete e observou as pessoas que estavam sentadas em suas cadeiras
tomando café da manhã. Muitos deles nem acordaram direito e já estavam
preocupados se iriam conseguir ganhar dinheiro naquele dia.
Esperou.
Logo seu convidado chegaria, e chegou. Era um homem negro de cabelo curto e
alto, bem alto. Quando ele chegou o observador olhou pra cima para poder falar
com ele.
- Eu
preciso que você...
- Eu sei o
que você quer. Você não precisa se comunicar usando o dialogo conosco.
Respondeu Gabriel ao sair andando pra dentro da lanchonete.
Quando
atravessou a porta todos viram aquele mendigo com roupas sujas e algumas
pessoas viraram o rosto com nojo, outras fizeram cara feio devido ao mau cheiro
do mendigo, que ia em direção do balcão, porém não chegou lá, foi parado por
uma garçonete.
- Pois não
senhor, o que precisa?
- Eu quero
um café. Disse Gabriel ao tirar umas moedas do bolso e começar a contar.
A moça
esperou ele contar as moedas, pegou-as das mãos do mendigo e dirigiu-se para o
balcão. Logo vinha com o café.
- Eu estou
com fome, me da um pão de queijo. Pediu Gabriel.
- Eu não
posso moço. Disse a mulher olhando pra ele. Temos ordens pra não dar comida, se
eu der um pão de queijo pra você posso ser demitida.
- Ei moço,
senta aqui comigo. Disse uma voz que soou como faca no coração dos outros que
se encontravam na lanchonete, e surpreendendo até Gabriel que olhou para o lado
e viu um homenzinho baixinho, não devia medir mais que 1,50 cm com um
cavanhaque mal feito e um chapéu estranho, que terminou dizendo
- Traz uma
porção de pão de queijo pra gente moça.
- Obrigado
senhor eu estou realmente com fome. Disse Gabriel.
- Não se
preocupe, pode comer a vontade. Como é seu nome?
- Gabriel.
- Eu sou
Marcos.
- Fez um
instante de silencio e logo veio a bandeja de pão de queijo.
Eles
comeram... E conversaram, Gabriel fingindo insanidade disse que
trabalhava em uma mecânica, depois em um posto de gasolina, o homem disse que
era ator, tanto o observador quanto Gabriel já sabiam. E quando foram se
despedir... Ainda em sua representação de insanidade:
- Eu sou
Gabriel, o anjo do senhor. Ele esta vendo o que você fez, observando e
registrando suas ações e as ações desses “porcos” que aqui se encontram. Muito
obrigado Marcos. Disse Gabriel ao sair da lanchonete e sem que alguém
percebesse abrir seus pares de asas e alçar vôo até virar um ponto minúsculo no
céu.
O
observador continuou acompanhando Marcos, que logo estava em um teatro
encontrando seus amigos. Além de contar que avia falado com um bêbado lunático
que afirmou que era “Gabriel o anjo do senhor” se vangloriava de ter alimentado
aquele homem que precisava de um prato de comida.
Apesar de
o observador conhecer a natureza humana ele teve esperança de que aquele homem
tivesse feito algo bom para o outro e não para contar vantagens depois.
O
observador esperou... Ele ficou o dia todo esperando, no fim da tarde o ator
saiu do teatro pra ir pra casa, acabara mais um dia de ensaio, o observador
esperou ele chegar bem perto da rua, no mesmo instante que um bêbado passava
dirigindo seu carro, o observador pensou, e aconteceu, o motorista do carro
perdeu o controle da direção e atropelou Marcos em cima da calçada. Ao chegar
perto, eles trocaram olhares, e o ator sabia que era o olhar de Deus, sabia que
morreria e morreu.
Deus...
Sentiu prazer em ver aquele homem morrer, afinal não é todo dia que um homem
tem o privilégio de ser morto por “um carro”.
Deus (o
observador) estava sorrindo enquanto olhava para o universo sentado em seu
trono com as estrelas como carpete, ele estava feliz porque dessa vez ele tinha
interferido, e não se arrependia.
Capitulo cinco
Ela ia
todos os dias a igreja, mesmos os dias que não tinha missa ela ia rezar o terço
em frente ao sacrário.
Casada já
há 12 anos nunca passara pela sua cabeça qualquer coisa infame ou pecadora que
viesse por seu casamento em risco. Mesmo quando suas amigas faziam piadinhas
sobre sexo ou falava sobre um galã de novela, ela segurava a cruz do terço e
dizia:
- Deus me
livre.
Filha de
família católica sempre foi doutrinada e seguiu o caminho da castidade até
encontrar um namorado que tivesse os mesmos caminhos e a mesma doutrina, que
viria a se tornar seu namorado e depois de quatro anos, seu marido.
Era uma
segunda feira, logo depois do almoço quando seu marido já havia voltado ao
trabalho. Ela já lavara a louça e limpara a calçada da casa, agora era hora de
enrolar o terço na mão e ir para a igreja fazer suas orações.
Sem pressa
ela chegou a igreja e como era de costume entrou pela porta dos fundos, já que
era a porta de aceso quando não havia celebração. Ela sabia que teria no mínimo
duas horas de paz e sossego junto a Jesus.
Depois de
rezar ficou um tempo olhando para o altar e apreciando como era bela a casa do
senhor, então se dirigindo a ele pensou em ir embora, mas foi barrada por
alguém que entrava pela porta que sairia.
Era o
padre Jonas, que sem perceber sua presença fechou a porta e ficou de costas para
ela e de frente para o sacrário, ajoelhou-se para louvar e fazer o sinal da
cruz.
Ela em
respeito ao gesto e percebendo que o padre não havia percebido sua presença,
esperou em silencio para não atrapalhar.
O padre
terminou suas orações e levantou-se girando, logo ficando de frente com a
mulher que em um susto deu um pulo para traz.
- Me
perdoe irmã Vanessa, não percebi que estava ai. Como vai você?
- Eu vou
bem senhor, vim fazer minhas orações, mas já estou de saída.
- Tudo bem
irmã, que deus guie seu caminho.
Dizendo
isso apertou a mão da mulher, que também apertou sua mão e os dois se olharam
nos olhos, e se desejaram, e se beijaram, e com desejo, um desejo nunca sentido
antes, os dois deitaram em cima do altar, arranhando um ao outro, mordendo com
tezão, e com força tiraram suas roupas, e se amaram, e sentiram prazer, e
gozaram várias vezes. Um sexo selvagem, indecente, não existia nada naquele
momento além do desejo carnal, sujo, puro.
Depois de
se deliciarem os dois sem saber o que dizer, vestiram suas roupas, deram por si
do que tinha acontecido, riram, pois gostaram do que tinham feito, era a
primeira vez que os dois sentiram prazer de verdade em seus atos.
Arrumaram
o altar, fizeram o sinal da cruz de frente para o sacrário e saíram do recinto.
Depois de
saírem, a igreja que era apenas silêncio se encheu com uma risada, uma risada
indefinida que apenas um Deus pode dar. Era o observador que o tempo todo
estava sentado na primeira fileira dos bancos da igreja apreciando a cena.
Ele não
condenava o casal, ele quem induziu o desejo, e de livre arbítrio os dois escolheram
se entregar a esse desejo puro, carnal.
O
observador sentiu prazer, muito prazer em ter feito isso, e não esperava ouvir
uma voz em suas costas.
- Sabe!!!
Eu já estou começando a ficar com raiva de você.
Ao
levantar-se rapidamente e olhar para traz, ele pensou em perguntar: - quem é
você? Mas não fez isso, ele já sabia quem era.
Enquanto caminhava
em direção ao observador, seus pés sem calçados emitiam sons de patas de bode
- Você
esta fazendo meu trabalho. Eu não gosto disso...
Capitulo seis
Os
carros passam, as flores desabrocham, as estrelas brilham, tudo se movimenta,
nasce, morre.
O tempo
é relativo (Z - tônica), mas tudo depende do outro... Isso significa que...
- Mais
um substituto?
- Pois
é meu caro – Disse o homem que tinha a face do Jack Nicholson, mas logo mudou
para a face do Fred Mercury.
-
Você sabe que eu posso ver sua verdadeira face! Disse o observador.
- Eu
sei, mas é divertido e interessante ver a reação das pessoas.
Depois
de um grande silêncio.
-
Ok, sim senhor, esta bem papai do céu, irei parar de usar minhas ilusões. Disse
em tom debochado a criança de 10 anos com um calção e camiseta regata, sacou um
charuto do bolso e disse:
– Quer um charuto?
-
Não obrigado.
A
criança se dirigiu até o altar, chegou logo em frente do sacrário, sem por a
mão abriu-o e fez com que as “hóstias sagradas” saíssem voando e ficasse
flutuando dentro da igreja, como se fosse uma maquete do universo, (galáxias,
sistemas solares, tudo com hóstias).
-
Veja agora há dois universos feitos de “partículas de Deus”, você deve ser
realmente magnífico não? Hahahahahaha
-
Você sabe que eu nunca estive nessa bolachinha. Disse o observador que desde a
chegada do garoto ainda não tinha saído do lugar.
-
Agora eu sei, mas quando era criança não sabia, você sabe tudo então já sabe o
que aconteceu. Disse a criança enquanto ficava de costas e enchia os olhos
d’água.
- Me
conte... Talvez eu goste de sua historia. Disse o observador, e sentou no banco
da igreja.
-
Claro ó Deus, contarei minha história. Disse com tom de deboche antes de
explodir em gritos.
– TRAREI TAMBÉM CHÁ COM BOLACHA PRA QUE VOCÊ
FIQUE BEM CONFORTÁVEL, ANTES DE OUVIR SUA HISTÓRINHA E DORMIR... Eu tinha
apenas seis anos... Seis anos... Porque fez isso? Eu me lembro que eu fiquei
ajoelhado em frente ao altar, pedi pra você, implorei pra você, eu rezei, eu
nem sabia rezar as orações inteiras, mas eu rezei todas as que sabia, e o que
você fez? Ignorou todas as minhas orações todos os meus pedidos você deixou
minha mãe morrer, você não curou o câncer, você não devolveu minha mãe.
-
Ora, ora o pai da mentira contando uma verdade. Disse o observador.
– E
porque você não pergunta isso para o numero “um”? Até mesmo porque deve ser
outro substituto que estava ouvindo suas orações, e mesmo que fosse o numero
“um” ainda existe a regra do livre arbítrio.
-
Livre arbítrio? Você matou minha mãe por uma regra idiota? Você sabe onde esta
o numero “um” agora? Esta junto com Lúcifer, tomando chá, e assistindo o circo
de horrores que é o maldito planeta terra.
A
criança virou um rodamoinho de vento e fogo e desapareceu.
O
observador, por um milésimo de segundos pensou:
- Por
que Lúcifer escolheria uma criança para substituto? Mas depois de rever a vida
do garoto... A magoa e a raiva que ele tinha acumulado... Ele teve a resposta.
De
repente ele sabia que tinha alguém que estava lendo a história que falava sobre
si...
Ele
olhou nos olhos do leitor, que soube o que o pensador pensava... O inferno são os outros.
Continua...
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